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Editora: Renata Dal Bó Mazzuco

Colaboradores: Ana Santin, Jessé Lana, Leandro Rosin, Nicolas Dominico

Teoria da Mente: Diferentes Abordagens. 

Jou G, Sperb T. Teoria da Mente: Diferentes Abordagens. Disponível em: <http:// www.scielo.br>. Acesso em: 04 de junho de 2012.


Objetivos do Artigo[]

Resgatar a história da teoria da mente;

Quais foram os achados que impulsionaram a teoria da mente;

Quais as áreas específicas interessadas em esclarecer este assunto;

Quais as controvérsias originadas no percurso da pesquisa.


O que é a teoria da mente?[]

É a capacidade que temos de inferir intenções de uma outra pessoa sem que ela o diga verbalmente. Essa capacidade que nos possibilita inferir o que outro sente, pensa, ou seja, criar uma teoria ou hipótese sobre o que se passa sobre a mente dos outros. Como exemplo ao vermos uma pessoa chorando, sabemos pela expressão da face, pela vocalização do choro, pela gesticulação corporal que ela está triste. Se a nossa empatia com a pessoa for grande, vivenciaremos parte da mesma tristeza e poderemos até chorar.

História da Teoria da Mente[]

  

A teoria da mente surgiu de estudos experimentais sobre cognição animal.

Piaget é conhecido como o primeiro investigador a se interessar pelos conteúdos mentais infantis e pelos processos responsáveis por esses conteúdos. Ele concluiu que durante o período pré-escolar a criança não diferencia os estados mentais dos estados físicos, isto é, ela não possui ainda 

desenvolvida a teoria da mente.


Teorias Explicativas da Natureza da Teoria da Mente ou teoria da teoria da mente.[]

Teoria que se fundamenta na Psicologia Popular: Conjunto de princípios que constituem os conhecimentos de senso comum a cerca do comportamento humano. Através da psicologia popular conseguimos entender como as pessoas são, atuam e resolvem seus problemas. P. ex. se alguém deseja X e tem um conhecimento Y, atuará em função de XY. Assim o ser humano é capaz de predizer os comportamentos próprios e dos outros.


Teorias Explicativas da Natureza da Teoria da Mente: teoria da simulação.[]

Defendida por Harris e Gordon, essa teoria sugere que, quando as pessoas tentam descobrir as reações mentais de outra pessoa a um evento, elas se imaginam na mesma situação. Isto é, o indivíduo pensaria, estando no lugar do outro, mas usando suas próprias fontes emocionais e motivacionais.


Avanços na Teoria da Mente[]

Sem título

A percepção do nojo sentida pelos outros é processada nas mesmas regiões cerebrais que utilizamos quando nós mesmos temos nojo de algo. Fonte http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/bilhoes-de-neuronios/a-teoria-da-mente-em-questao

Um estudo recente publicado na revista Neuroimage afirma que a percepção do nojo sentida pelos outros é processada nas mesmas regiões cerebrais que utilizamos quando nós mesmos temos nojo de algo; A metodologia dessa pesquisa foi a seguinte: Os pesquisadores exibiram clipes aos participantes da pesquisa, onde atores bebiam algo e depois criavam expressões neutras, de prazer ou de nojo (os participantes do estudo não apresentavam doenças neurológicas ou psiquiátricas). Após a visualização dos clipes, passavam por um exame de ressonância magnética funcional, que possibilitava identificar as regiões ativas durante a percepção dos estados emocionais dos atores e compará-las com o mapa da ativação cerebral.

RM

Imagem de ressonância magnética funcional do cérebro dos voluntários que participaram do estudo. Os focos coloridos representam as regiões do córtex da ínsula ativadas pelos clipes criados pelos atores. Fonte http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/bilhoes-de-neuronios/a-teoria-da-mente-em-questao

O estudo comprovou que a área responsável pela percepção de nojo pelos participantes foi a mesma ativada quando estes sentiam nojo (córtex da ínsula). A partir desse resultado concluiu-se que a interpretação dos estados mentais de terceiros envolve uma “revivência” dos nossos próprios estados mentais. O cérebro ativa os mesmos circuitos, e isso nos possibilita criar uma hipótese sobre a mente do outro, baseada na nossa própria vivência mental.

Curiosidades:

Na doença de Huntington ocorrem alterações nos circuitos que passam pelo córtex da ínsula, o que leva os seus portadores a apresentarem distúrbios da expressão e da percepção de certas emoções, como o nojo;

No Transtorno Obsessivo Compulsivo-TOC, o córtex da ínsula fica mais sensível a estímulos, o que leva o portador a intensificar a sensação de nojo.

Falando sobre a Mente: Algumas Considerações sobre a Relação entre Linguagem e Teoria da Mente

SOUZA, Débora de Hollanda. Falando sobre a mente: algumas considerações sobre a relação entre linguagem e teoria da mente. Psicol. Reflex. Crit.,  Porto Alegre,  v. 19,  n. 3,   2006 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722006000300007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  01  abr.  2013.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722006000300007.

"O presente trabalho visa apresentar as diferentes posições sobre a relação entre linguagem e teoria da mente assim como destacar a importância da realização de estudos transculturais. Além disso, pretende-se apontar caminhos interessantes para a pesquisa em teoria da mente no Brasil.”

Teoria da mente

É um marco do desenvolvimento cognitivo.

TheoryOfMind

Teoria da mente Fonte: http://www.suzanaherculanohouzel.com/journal/2009/10/11/teoria-da-mente-verso-real-cade-meu-marido.html

Habilidade de atribuir estados mentais (crenças, intenções, desejos e conhecimento) a si e aos outros.

Compreender que os outros podem pensar diferente.

Permite que ajustemos nossas relações sociais, nossas interações com os outros, e escolhamos o comportamentos mais adequado a cada situação. Recentemente, pesquisas têm mostrado que essa capacidade está comprometida em algumas psicopatologias, como esquizofrenia e autismo.

Crença falsa

Entender que alguém pode ter um pensamento que não condiz com a realidade. Sinal que a criança desenvolveu a teoria da mente;

Wimmer & Perner em 1983 conduziram um estudo baseado no exemplo, e chegaram ao resultado:

Grupo 3-4 anos: nenhuma das crianças forneceu a resposta correta

Grupo 4-6 anos: 57% acertaram

Grupo 6-9 anos: 86% das crianças apontaram o local correto

Através do uso de complementos, pode-se expressar uma crença que pode, na verdade, ser diferente da crença de uma outra pessoa ou mesmo da realidade.

Segundo de Villiers e de Villiers (2000), sem o domínio dessa estrutura sintática, as crianças não conseguem ter sucesso em tarefas de crença falsa. O melhor preditor para o sucesso nas tarefas de crença falsa foi a capacidade de produzir complementos sentenciais. Em um experimento com um grupo de crianças com grande perda auditiva teve apenas 32% dos participantes com sucesso na tarefa. O melhor preditor de sucesso para as crianças surdas na tarefa foi a habilidade de compreender e produzir a sintaxe de complementação. Villiers e de Villiers (2000) argumentaram nos resultados que as crianças surdas tendem a ter dificuldades com a tarefa de crença falsa antes de adquirirem a sintaxe de complementação, sugerindo assim que é a linguagem que determina o sucesso na tarefa de crença falsa.

A Aquisição de Palavras Referentes à Mente

Bartsch e Wellman (1995) com análises concluíram que crianças adquirem palavras referentes a desejos (querer, desejar) antes de palavras que se referem a crenças (pensar, achar, e saber). Também afirmaram que por volta dos 3 anos de idade, as crianças começam a conversar sobre pensamentos e crenças; em seguida, são capazes de fazer conexões entre esses pensamentos e crenças e a sua compreensão da mente e comportamento humanos, construindo assim uma teoria da mente. Afirmações sobre uma relação causal entre linguagem e teoria da mente são inapropriadas assim como afirmações sobre a direção dessa relação. Além disso, ainda pouco se sabe sobre a universalidade do processo de aquisição da teoria da mente.

Línguas Diferentes, Teorias Diferentes?

Diferenças na forma como distintas línguas expressam estados mentais podem ter efeitos na compreensão infantil do mundo mental? no período de tempo durante o qual elas adquirem uma teoria da mente?

Lee, Olson e Torrance (1999) testaram essa hipótese em crianças chinesas e inglesas.

No chinês existe um verbo para pensar algo verdadeiro “yiwei” e outro para pensar algo falso “dang”. Foi usada uma Adaptação da tarefa de aparência-realidade:

Gata que leva seus filhos para um piquenique

Tartaruga que se parece com uma pedra

"O que é isso?“

"A gata mãe sabe que isso é uma tartaruga?“

"O que a mãe acha que isso é?" 

Os chineses têm mesmo padrão de desenvolvimento de compreensão da crença falsa que as crianças ocidentais. Porém houve um Desempenho significativamente melhor quando os verbos yiwei e dang foram utilizados

Shatz et al. (2003) - comparações entre falantes de quatro línguas: turco e o espanhol de Porto Rico – que possuem termos explícitos para denotar a crença falsa e Inglês e o português onde os termos são neutros. Foi usado o experimento com caixa de lápis de cera e caixa azul

1º Momento:

"Aonde (E2) acha que os lápis estão?“

"Aonde (E2) irá procurar pelos lápis quando ele voltar?“

2º Momento:

"Por que (E2) pegou a caixa de lápis?"

"Aonde os lápis estão na verdade?"

Resultados: Crianças cujas línguas possuem termo explícito para a crença falsa tiveram maior frequência de acertos na primeira questão. Há um efeito do nível de explicitação lexical no desempenho em tarefas de crença falsa, mas este é um “efeito local.”

Bassano em 1985 testou a compreensão do savoir (saber) e croire (crer) em crianças francesas. Quatro bonecas diferentes e cada uma delas tinha uma caixa que continha um objeto (peixe ou pássaro).

"Eu sei que eu tenho um peixe“

"Eu sei que eu não tenho um peixe“

"Eu não sei se eu tenho um peixe“

"Eu creio que eu tenho um peixe".

Resultados: Tendência de interpretar a negação como estando ligada ao verbo saber.Desempenho das crianças com as sentenças incluindo achar é inferior ao desempenho com as sentenças incluindo saber.

A Pesquisa sobre Teoria da Mente no Brasil

No Brasil, o número de pesquisas é pequeno. Dias (1993) - adaptações de três tarefas da crença falsa em crianças que moravam num orfanato, crianças de classe média e crianças de classe baixa.

Resultados: As crianças brasileiras não diferem das americanas e europeias no que concerne à tarefa da crença falsa.

Roazzi e Santana (1999) usaram bonecas chamadas Tomatinha, Cenourinha e Bananinha. Cada uma carregava o lanche de seu nome na lancheira. A pergunta foi "Qual é o tipo de lanche que (parceiro) pensa que Bananinha tem na lancheira?“ "Qual o tipo de lanche que Bananinha pensa que tem na lancheira?“ e "Qual o tipo de lanche que Bananinha tem na lancheira?".

Resultado: Atraso no desenvolvimento da compreensão da crença falsa em crianças brasileiras, eles argumentaram possíveis interferências nesse estudo pois as bonecas eram atrativas paras as crianças e elas se tornaram uma distração. As crianças de 3 anos não conseguiram manter um nível de atenção mínimo. Crianças de 4 anos se sentiram inseguras quanto à resposta e optaram por uma perspectiva que era a mais segura. 

Conclusão

Ainda não há nenhuma evidência de que determinados grupos linguísticos adquirem uma teoria da mente plena mais cedo no desenvolvimento. Ainda há muito a ser revelado sobre o processo de desenvolvimento da teoria da mente em crianças brasileiras. Cada língua molda a forma como membros de sua cultura e comunidade linguística interpretam o mundo. Estudos investigando possíveis relações entre linguagem e teoria da mente só têm a acrescentar ao conhecimento atual.


Teoria da Mente: diferentes abordagens[]

Os achados atuais são empíricos e tem tentado demonstrar quando pode considerar que uma criança tem uma teoria da mente.

Premack e Woodruff (1978) – pesquisaram a teoria da mente em chimpanzé.

Dennett (1978), Pylyshyn (1973) e Bennett (1990, citados por Wellman, em 1991, e também por Perner, em 1991) acreditavam que só se poderia atribuir uma teoria da mente a um indivíduo se ele demonstrasse uma compreensão de crença falsa, isto é, de que a crença (estado mental) conflituava com a realidade.


Wimmer e Perner (1983) []

Estudaram a crença falsa em 36 crianças divididos em 3 grupos, usaram como método a transferência do objeto de X para Y na ausência do protagonista. O protagonista ainda acreditava que o objeto estava em x, as crianças deveriam indicar onde o protagonista procuraria o objeto no seu retorno obtiveram os resultados:

3 a 4 anos (nenhuma)

TheoryOfMind2

Exemplo de baterias de testes - Teoria da Mente Fonte: http://www.theoryofmindinventory.com/task-battery/

4 a 6 anos (57% resposta certas)

6 a 9 anos (86% resposta certas)

Protagonista colocava um objeto no lugar X


Moses e Flavell (1990)[]

Consideraram que as tarefas de crença falsa poderiam estar subestimando a capacidade da criança pequena (3 anos). A criança tem que saber considerar qual é a crença do protagonista (não viu o chocolate sendo trocado). Os autores sugerem que crianças pequenas podem não estar hábeis em fazer predições.Eles  fizeram dois estudos: utilizando tarefas de crença falsa, para investigar se as crianças de três anos teriam um melhor desempenho se a tarefa enfatizasse mais o fator crença e proporcionasse uma situação na qual a criança pudesse interpretar a crença em função de seus efeitos, isto é, pela ação e reação do protagonista. Os resultados não sustentaram as suposições desses autores


Glenn, Johnson e Parry (1993)[]

Fizeram três versões do mesmo teste:

Versão 1 – Padrão

Versão 2 – Atores Adultos

Versão 3 – Atores Crianças

Os autores desenvolveram uma situação de teste mais parecida com a realidade envolvendo ativamente as crianças tendo respostas satisfatórias (crianças de 3 anos):

Condição 3 – 80%

Condição 2 – 20%

Condição 1 – 10%


Siegal e Beattie (1991)[]

Obtiveram resultados que permitem sugerir que as crianças de 3 anos obtém sucessos quando solicitadas a predizer o comportamento inicial do protagonista.


Lourenço (1992)[]

Procura testar a hipótese de Siegel e Beattie (1991) acerca das implicações linguísticas na compreensão das tarefas de crença falsa.Foram feitos dois Grupos

Preditiva Implícita

Preditiva Explícita

Resultados: desempenho da criança se altera notavelmente.

Preditiva Implícita 50%

Preditiva Explícita 80%


Pontos Críticos nas Pesquisas da Teoria da Mente[]

Saber a idade que surge a Teoria da Mente.

Definição da Teoria da Mente.

Surgimento da teoria da mente – Distinção entre: Uso e atribuição de estados mentais.

Distinção entre crença e realidade e percepção na crença dos outros (meta-representação).

Relaciona-se a natureza do conhecimento subjacente à teoria da mente. (História da Luiza).


Conclusão[]

O uso de diferentes tecnologias enriquece o corpo teórico

A construção da teoria da mente = desenvolvimento de mecanismos cognitivos apropriados e ambiente social provedor de instrumentos culturais. Falta de especificação do nível explicativo gerou diferentes resultados a cerca da idade de aparecimento da teoria da mente.

Referencias

JOU, Graciela Inchausti de; SPERB, Tania Mara. Teoria da Mente: diferentes abordagens. Psicol. Reflex. Crit.,  Porto Alegre,  v. 12,  n. 2,   1999 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79721999000200004&lng=en&nrm=iso>. access on  16  Apr.  2013.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79721999000200004.

Lent R. A teoria da Mente em questão. Disponível em: http://www.cienciahoje.uol.com.br/colunas/bilhoes-de-neuronios/a-teoria-da-mente-em-questao. Acesso em: 30 de março de 2013.

SOUZA, Débora de Hollanda. Falando sobre a mente: algumas considerações sobre a relação entre linguagem e teoria da mente. Psicol. Reflex. Crit.,  Porto Alegre,  v. 19,  n. 3,   2006 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722006000300007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  01  abr.  2013.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722006000300007.


Links Relacionados


Teste da crença falsa

http://www.youtube.com/watch?v=E5qJwmk5oa8

https://www.youtube.com/watch?v=TJkB6nrk1CA

Teoria da Mente

http://www.theoryofmind.org/

http://email.eva.mpg.de/~tomas/pdf/TICS30.pdf

Metodologia de testes de crença falsa

http://www.sscnet.ucla.edu/polisci/faculty/chwe/austen/bloom.pdf

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