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Autor: Leandro Rosin

Colaboradores: Ana Luyza Santin, Jessé Vinícius Lana, Nicolas Dominico e Renata Mazzuco

“A coisa mais preciosa que nós médicos possuímos é a nossa arte,

vindo a seguir o amor por nossos pacientes, 

sendo a esperança a chave de ambos.” 

(PARACELSO)


Antiga Mesopotâmia[]

Na antiga Mesopotâmia, a prática médica era dominada por sacerdotes, pois as enfermidades eram consideradas castigos para os pecados e ações de espíritos malignos. A medicina era vista como arte sagrada e ensinada em templos. Era ensinado ao médico não só leitura, escrita, literatura e ciência, mas também rituais, magia, adivinhações e astrologia.

Egito Antigo[]

No Egito, começava-se uma primitiva sistematização de prática educativa. O Papiro de Ebers fazia menção ao médico e referenciava a formação como troca de conhecimento entre mestre e discípulo. A relação médico-paciente já era valorizada.

Grécia Antiga[]

Nos séculos VI, V e IV a.C. ascendeu a Medicina Grega com conceitos racionais e éticos e o surgimento das primeiras escolas que objetivavam a formação técnica do médico. Neste momento, a medicina começa a incorporar conhecimentos técnicos. Na Grécia, os médicos eram antigos filósofos. A mitologia grega menciona os Deuses Apolo como inventor da arte curativa e Asclépio como Deus da Medicina.

Apesar da dicotomia corpo-mente aparecer no pensamento de Platão, outros filósofos gregos contribuíram para a psicologia moderna: “Heráclito foi precursor no interesse pelo indivíduo e por sua identidade. Pitágoras, com sua assertiva de que o homem é a medida de todas as coisas, corroborou este interesse. Empédocles entendeu que as emoções são fundamentais, definindo o amor e a discórdia como as principais fontes de vida e mudança.” (Abdo)

Foram os gregos que primeiro notaram os distúrbios mentais como realmente uma enfermidade. Hipócrates, maior expoente da medicina, alterou o paradigma que relacionava saúde e espiritualidade. Para ele saúde era um estado físico e mental balanceado, objetivava o indivíduo na sua totalidade; 

Roma Antiga[]

No século II d.C. desenvolveu-se a Medicina Romana que teve como grande expoente Cláudius Galenus. Neste período, apareceu uma preocupação, ainda rudimentar, com o ensino da relação médico-paciente. Para Galenus o conhecimento médico deveria englobar não só anatomia, fisiologia, mas também psicologia e sociologia. Os médicos romanos eram muito éticos, eram proibidos, até mesmo, de unir-se a sociedades ilegais, frequentar bares e tirar longos períodos de férias. O estudo era algo que deviria ser contínuo.

Neste momento, surge a primeira referência à ‘hospitalização’ do ensino médico. Hospitais entraram na rotina médica, sendo uma importante característica do ensino médico árabe. Contudo, os hospitais até século XVIII não era um lugar associado à cura de doentes, e sim um espaço que buscava acolher os pobres moribundos. Vale ressaltar que o os hospitais islâmicos eram modelos de humanização. 

Idade Média[]

Na Idade Média houve uma hegemonia da Igreja Católica e Santo Agostinho (filosofia patrística) retomou a dicotomia platônica (corpo-mente). Aos médicos era oferecido o corpo doente e a Deus o espírito pecador, voltando a relacionar doenças com pecado, ação de demônios (demonologia).

Apesar de o ensino médico ter-se ampliado com as universidades, as práticas médicas relacionadas com fenômenos mentais retrocederam. Formou-se uma consciência religiosa e uma noção de que a cura era dada só por Deus e por santos, o que impossibilitava os médicos de lidar com fórmulas terapêuticas ou medicamentos. Aos médicos coube só tratar males físicos. Empobreceu, assim, a relação médico-paciente.

Renascimento[]

No renascimento, século XV, a prática médica valorizou a razão sobre a emoção, procurou buscar explicações objetivas para os males do corpo e afastar conhecimentos de demagogia. 

Em torno do século XVI, o médico Cardano foi reconhecido pioneiro em psiquiatria. Pensou sobre a imoralidade ser doença de espírito, diferenciando-se de indivíduos cruéis ou perversos de doentes.

Neste período, Paracelso foi responsável por mudar os conceitos da Medicina Tradicional e descrever doenças mentais, incluindo insensatez, insanidade, desordem mental, mania, melancolia e mudanças de caráter.

Durante o fim do Renascimento e o início da Idade Moderna ocorreu um grande marco no ensino médico. Bacon, defensor do método experimental, foi considerado pioneiro na transformação da medicina em ciência. Descartes retomou a dicotomia entre corpo e mente, contudo diferente da visão platônica, e definiu corpo como objeto e homem como máquina, o que colocou a doença como objeto da física.

No século XVII surge uma preocupação em realizar a observação empírica do real antes de interpretar pela mente. Locke foi o grande representante do empirismo.

A Medicina baseada em evidências matemáticas, experimentais, teve colaboração tanto do racionalismo quanto do empirismo. Neste contexto, buscava-se observar e avaliar o mundo, ciência natural se distanciou da teologia. Porém, muito pouco se buscou conhecer sobre as pessoas em si, houve afastamento das emoções.

Quanto à relação médico-paciente, tornou-se bastante dificultada devido à postura dos médicos de ter atitudes pomposas e falarem em latim complexo para impressionar os pacientes.

Em oposição, surgiu no século XVIII, o holandês Baruch Spinoza o qual associava as doenças à tirania, à tristeza, a paixões, enfim a sentimentos. Ele descreveu afecções que como se sabe hoje são de origem psicossomáticas.

A Partir do Século XVIII[]

O iluminismo do século XVIII foi um período que influenciou muito a medicina e seu ensino. A medicina acabou sendo aprisionada pela tecnologia, o médico deixou de ser um xamã, mago ou sacerdote para ser cientista, homem do saber. Saber que acabou privilegiando somente o conhecimento técnico. Intensificou-se a perda no caráter humanístico no atendimento médico e ocorreu a coisificação do pacientes, uma vez que o homem passou a representar um objeto a ser estudado e dissecado.

Diante desta negação do discurso do paciente, pensadores e filósofos do século XIX influenciaram a medicina. Augusto Comte com o positivismo influenciou as práticas médicas. Na postura positivista o médico deixa de ter ‘poderes miraculosos’, combate-se a visão mágica e mitológica. Então, médicos criam outro mito de que a ciência é capaz de resolver sozinha todos os problemas relacionados à saúde da pessoa.

Logo surge então o Idealismo de Georg W. Hegel o qual diz que toda verdade pode ser contestada e, com isso cria a possibilidade da dialética, o que permite um novo pensar médico. Forma-se um espaço para contradição que possibilita questionar a ordem médica.

Destaca-se também Edmund Husserl que desenvolveu a fenomenologia, a qual tenta superar as dicotomias corpo-espírito, consciência-objeto e homem-mundo e busca colocar o homem como principal referência. Isso amplia a compreensão da doença como sendo algo que ocorre com um ‘ser-no-mundo’. Resgata a possibilidade de ouvir o paciente como alguém dentro de um contexto sócio histórico.

Embora vital para a medicina, a fenomenologia não ocupou grande espaço no ensino médico.

Ainda no século XIX, Marx lança um novo olha sobre a relação médico-paciente. Formam-se dois modelos de trabalho médico: 

Modo de produção artesanal: “os agentes são proprietários dos meios diagnósticos, tratamento e cuidado; não existe um domínio claro de uma categoria sobre a outra; observa-se uma relação de cooperação entre os membros de uma mesma categoria.” (Pitta)

Modo burocrático: os agentes perdem o controle sobre o processo global do trabalho, pois “o indivíduo são ou doente é visto de forma parcelada e surge a necessidade de uma organização total do trabalho.” (Pitta)

Cópia-de-Sigmund Freud

Sigmund FREUD Fonte: http://www.hdwallpaperspot.com/sigmund-freud-pictures/

Ao final do século XIX, Sigmund Freud com a Teoria Psicanalítica mostra uma outra forma de relação médico-paciente. Freud ao demonstrar que reações humanas podem ser compreendidas e que todas têm uma intencionalidade modifica os conceitos sobre relações médico-pacientes.


RELAÇÃO HUMANÍSTA

É NECESSÁRIO UM RELAÇÃO MAIS HUMANÍSTICA. Fonte: http://livramentodiario.com.br/noticias/e-pela-5o-vez-consecutiva-um-medico

O tecnicismo por sua forte influencia passou a ser uma constante na formação do profissional médico. Conhecimentos psicanalíticos passaram a ter quase que exclusividade de psicanalistas, psicólogos e alguns psiquiatras. Embora o uso de técnicas adequadas e o bom relacionamento médico-paciente não sejam excludentes, afastou-se do doente como ser humano. Não se deve perder de vista o atendimento humanizado do paciente como um todo, o qual está inserido em uma história de vida. Medicina do Doente não exclui Medicina da Doença, só tende a ampliar um atendimento holístico.

PATCH ADAMS

EVITAR O AFASTAMENTO DAS EMOÇÕES. Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-wDnBeuKfhO4/TWJrM3hYnEI/AAAAAAAAAH4/TIr_FP9DHWI/s1600/patch-adams02.jpg

Pode-se dizer que o século XX foi um marco inicial pelo interesse da inter-relação entre corpo e psique. Franz Alexander buscou estudar interações entre conflitos mal resolvidos e sintomatologia somática e desenvolveu a Medicina Psicossomática.

Tecnicismo e positivismo são ainda muito influentes na formação médica, porém o humanismo e os conceitos da psicanálise vêm ganhando espaço e mostrando sua importância cada vez maior nas relações médico-paciente.



REFERÊNCIAS:[]

Nassar M. R. F., Comunicação e Humanização: a reconstrução do relacionamentomédico – paciente como critério de qualidade na prestação de serviço. Disponível em: <http://www.contemporanea.uerj.br/pdf/ed_05/contemporanea_n05_01_mariarosana.pdf>. Acesso em: 28/06/13.

Rosin L., Anotação de aula da disciplina de psicologia médica. Univille, 18/06/13

Gonzales R. F., Branco R., Aspectos Históricos do Ensino da Relação Médico-Paciente.

LINKS EXTERNOS:[]

http://www.portalmedico.org.br/biblioteca_virtual/des_etic/11.htm

http://www.medicinapsicossomatica.com.br/doc/relacao_medicopaciente_obsclinica.pdf

http://www.celpcyro.org.br/v4/Estante_Autor/relacaoMedicoPaciente.htm   

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