Wiki AIA 13-17
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Editora: Bruna da Silva Ferreira

Colaboradores: Augusto Radünz do Amaral, Felipe Starling Jardim e Fernanda Cristina Zanotti

Risco relativo (Relative risk)[]


“A ideia revolucionária que define o limite entre a modernidade e o passado é o domínio sobre o risco: a noção de que o futuro é mais do que um capricho dos deuses e que os homens e as mulheres não são passíveis diante da natureza.”
                                                                                                      - Peter L. Bernstein, 1996

O risco frequentemente se refere à probabilidade de algum evento adverso ocorrer. Num sentido mais restrito, pode indicar a probabilidade de que pessoas expostas a determinados “fatores de risco” desenvolvam, subsequentemente, alguma enfermidade com uma frequência maior comparando com indivíduos não expostos.
Como visto na aula anterior, a expressão básica para risco é a incidência de novos casos da doença que surjam em um período de tempo definido em uma população também definida previamente livre da doença. Em estudos de coorte, o número de casos novos da doença é comparado entre dois ou mais grupos, os quais se diferenciam quanto à exposição a um possível fator de risco. A fim de comparar os riscos, diversas medidas de associação entre a exposição e a doença, denominadas medidas de efeito podem ser utilizadas. Essas medidas referem-se a conceitos distintos de risco e são utilizadas com objetivos diferentes: risco atribuível, risco atribuível na população, fração atribuível na população e risco relativo, o qual essa aula diz respeito, sendo abordado com mais detalhes.


Quantas vezes é mais provável as pessoas expostas contraírem a doença, comparando às não-expostas?

Essa questão pode ser respondida calculando-se o risco relativo ou razão de riscos, ou seja, a razão entre a incidência em pessoas expostas e pessoas não-expostas (expressão a seguir). Essa medida indica a força de associação entre a exposição e a doença sendo útil para estudos sobre a etiologia da doença.

Fórmula risco relativo

Fonte: FERREIRA BS, 2013.

Se RR = 1, então os riscos são iguais.
Se RR < 1, então o risco no grupo experimental é menor.
Se RR > 1, então o risco no grupo experimental é maior.

Quanto mais o RR se afasta do valor 1, maior é a probabilidade de causalidade.

Exemplo[]

A taxa de incidência de falha em transplante renal é de 82.6 por 1000 pessoas-ano entre fumantes e 55.3 falhas por 1000 pessoas-ano entre não fumantes. Considerando os não fumantes como referência o risco relativo pode ser expresso da seguinte maneira:

Exercício

Fonte: FERREIRA BS, 2013.




Interpretação: os transplantados que fumam têm 49% mais  probabilidade de falha no transplante quando comparados aos não fumantes. Podemos dizer “49% mais probabilidade” porque 1.49 é 49% maior que 1, valor que indica o mesmo risco para ambos os grupos. 

Agora é a sua vez![]

1)    Supondo-se que entre 100 pessoas em risco, 50 são homens e 50 são mulheres. 15 homens e 5 mulheres desenvolveram Influenza, logo, o risco relativo de desenvolver Influenza em homens, comparando-se com as mulheres, será:

Resolução: sendo o risco para homens 15/50 dividido pelo risco em mulheres 5/50, tem-se 15/50 ÷ 5/50, então o risco relativo é 3. Dessa maneira, o risco de desenvolver Influenza em homens é 3 vezes maior do que em mulheres.


2)    Observe a tabela e calcule quantas vezes o risco de morte perinatal em um recém-nascido de baixo peso aumenta comparando com um recém-nascido de peso ≥ 2500g.

Tabela

Fonte: FERREIRA BS, 2013.







População total estudada: 6373
Morte perinatais observadas: 211
População com fator Baixo Peso: 724
Morte Perinatais com o fator baixo peso: 150

Resolução: RR= a/a+b ÷ c/c+d, ou seja, RR= 150/724 ÷ 61/5649, então RR=19,2. Dessa maneira o risco de morte perinatal de um RN baixo peso excede 19,2 vezes comparando com um RN de peso ≥ 2500g.

3)   Analise a tabela e responda as questões que seguem:

Sem título2

Fonte: Coutinho et al, 2005.









a) Risco de piora dos sintomas no grupo tratado;

b) Risco de piora no grupo controle (placebo);

c) Risco relativo entre os grupos;

d) Redução de risco relativo (ainda não abordado, preste atenção na resolução, pois o conceito é simples)

Resolução:

a) 37/416 = 0,089 ou 8,9%.

b) 70/212 = 0,33 ou 33%.

c) 0,089/0,33 = 0,27 ou 27%. Dessa forma, o grupo de pacientes que fez uso de Clorpromazina obteve um risco cuja magnitude equivale a 27% do risco observado para os pacientes que fizeram uso do placebo. Ou seja, a magnitude do risco no grupo que recebeu a medicação foi cerca de 1/4 da magnitude do risco no grupo controle.

d) A redução de risco relativo (RRR) ou eficácia pode ser calculada da seguinte maneira: (1 - 0,27) x 100 = 73%. Essa eficácia diz respeito a redução relativa do risco com a intervenção. Nesse caso, conclui-se que o uso do fármaco diminuiu em 73% o risco de piora dos pacientes.

Referências[]

1 - FLETCHER, Suzanne W., FLETCHER, Robert H. Epidemiologia Clínica - Elementos Essenciais. 4 ed: Artmed, 2006.

2 - ROUQUAYROL, Maria Z. Epidemiologia e Saúde. 5 ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1999.

3 - FERREIRA Bruna S. Anotações da Aula de Epidemiologia. 04/09/2013.

4 - JEKEL, James F.; KATZ, David L.; ELMORE, Joann G. Epidemiologia, bioestatística e medicina preventiva. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

5 - KESTENBAUM, B. Epidemiology and Biostatistics: an introduction to clinical research. Springer, 2009.

6 - OLIVEIRA, Carlos AC. Aula de epidemiologia clínica. Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE, 18/09/13.

Links externos[]

1 - How to calculate relative risk

2 - Understanding of relative risk

3 - How to interpret a Relative risk and an Odds ratio

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